
De Montevideo nossa viagem segue para Colonia del Sacramento. Quero te mostrar o que fazer em um dia na cidade. De lá, vamos pegar o barco para ir a Buenos Aires. É o segundo vídeo da série sobre a América Latina. E aí, vamo junto?
Nos confins do Uruguai, às margens do estuário da Prata e a apenas 50 km de Buenos Aires, está o último bastião do império lusitano no sul das Américas: Colônia de Sacramento, fundada pelos portugueses, nas barbas de seus inimigos espanhóis, em fins do século 17.
Depois, tornou-se um emaranhado suave e tranquilo de ruas de pedra cheias de turistas e soprada pela brisa fresca do Prata – no passado, uma cidade-fortaleza sempre a postos para a guerra, cercada por terra e por mar, na esquina de dois impérios em atrito. Durante 97 anos – entre 1680 e 1777 -, foi o pomo da discórdia entre os espanhóis da atual Argentina e os luso-brasileiros.
Perdida entre as águas do Prata e a região da Campanha, Sacramento passou por 5 cercos, foi destruída 3 vezes e reconstruída outras tantas – mudando de dono durante quase um século. O triângulo formado pelos rios Paraná e Uruguai foi um dos pontos de disputa.
Dependendo de quem riscasse a tal linha imaginária, a região podia ser espanhola ou lusitana. O mesmo acontecia com a chamada Banda Oriental – a margem nordeste do Prata, que virou o Uruguai. Os portugueses foram os primeiros a navegar pelo estuário, em 1512. Mas os espanhóis ergueram a primeira cidade: Buenos Aires, em 1535, na margem sul do Prata.
Na época, os portugueses estavam ocupados colonizando o Brasil – mas sua cobiça foi despertada com as notícias da descoberta das minas de prata de Potosí, hoje na Bolívia. O caminho mais rápido entre Potosí e o Atlântico era o estuário do Paraná e do Uruguai, que, por isso mesmo, passou a ser chamado de rio da Prata. O duelo nas Américas foi adiado por uma reviravolta na Europa.
Em 1580, o rei espanhol Felipe 2º reclamou a coroa vizinha. Portugal e suas colônias ficaram incorporadas à Espanha durante 60 anos. Em 1640, os portugueses se libertaram do domínio espanhol. Depois de chutar os vizinhos na Europa, os lusitanos resolveram acertar os ponteiros na América. E foi então que a peleja por aqui realmente começou. A tarefa de fincar a bandeira lusitana nas margens do Prata coube a dom Manuel Lobo, fidalgo nascido em Portugal e governador da capitania do Rio de Janeiro.
Em uma carta secreta, a Coroa portuguesa o incumbiu de viajar até os confins meridionais e encontrar um “sítio cômodo” para uma fortaleza e um porto na margem superior do Prata, em 1679. Os espanhóis não haviam explorado a Banda Oriental – e os portugueses queriam aproveitar a oportunidade para marcar ali a fronteira meridional de seu império.